DO DESEJO À PRÁTICA: AÇÃO EM ESG 

Publicado em 28/07/2023 às 18h54

Por Henriane Morelli – junho 20, 2023

Nos últimos anos, o conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) tem se destacado como uma meta para empresas e organizações em todo o mundo. No entanto, transformar essa intenção em ação efetiva é um desafio complexo.

Uma pesquisa da consultoria KPMG revelou que 76% das empresas brasileiras incorporam práticas ESG em suas estratégias de negócio. Porém, apenas 39% dessas organizações estão desenvolvendo planos estratégicos voltados para essa abordagem. Isso indica uma lacuna entre o discurso e a ação concreta.

É comum observar um grande volume de investimentos sendo feitos e empresas se autoproclamando apoiadoras de causas sociais e ambientais, mas nem sempre essas intenções se traduzem em ações efetivas. Aqui reside a importância crucial da cultura e do exemplo. O pilar mais relevante para a construção de um programa ESG sólido é o comprometimento da alta administração e a mudança de atitude.

No entanto, o compromisso dos líderes não é suficiente. É necessário criar uma cultura organizacional que valorize a integridade, a responsabilidade social e a transparência em todos os níveis hierárquicos, incentivando práticas alinhadas com os princípios ESG e engajando todos os colaboradores.

ESG não é só propósito, ESG é método, e só vai trazer resultados se for entendido como tal. Para que a pauta deixe de ser apenas uma intenção e se torne uma realidade, é imprescindível contar com alguns elementos-chave: planejamento, cultura, educação e, como já mencionamos, exemplo. O planejamento estratégico deve incluir metas claras e práticas específicas para cada uma das dimensões ESG (ambiental, social e de governança). É necessário definir indicadores de desempenho e estabelecer um cronograma de implementação. É essencial reconhecer que a sustentabilidade vai além de práticas e ações isoladas. Ela exige a integração de princípios fundamentais, como ética, empatia, coerência, materialidade e uma verdadeira vontade de fazer a diferença.

Somente com esses elementos combinados é que o ESG se tornará uma ação efetiva e trará resultados tangíveis para as empresas e para a sociedade como um todo.

Tenho observado muitas ações sendo implementadas de forma incorreta, e um dos maiores erros que percebo é a exclusão da materialidade da equação. Cada empresa possui uma matriz específica a ser aplicada, assim como definições diferentes de prioridade tanto para a organização quanto para as partes interessadas. É importante considerar essas nuances ao desenvolver e implementar práticas de gestão adequadas ao contexto de cada empresa.

Para uma empresa de tecnologia, por exemplo, a diversidade é mais material, porque ela está diretamente ligada à capacidade de inovação das corporações. Já em uma empresa que presta serviços de auditoria ou contabilidade, a governança é um fator-chave. Em uma empresa de delivery, a transição para uma economia de baixo carbono pode ser a prioridade de atuação.

Adotar o ESG como uma pauta contínua e estratégica impulsiona a transformação efetiva, garantindo que o compromisso com esses princípios seja integrado às operações e à cultura da empresa em vez de ser apenas uma tendência passageira.

Este artigo foi baseado no curso de Gestão da USP, visando demonstrar a importância do conhecimento acadêmico para o desenvolvimento de estratégias eficazes de construção de autoridade. 

Henriane Morelli, publicitária especialista em marketing digital e globalização de marcas, apaixonada pela pauta ESG e pelo poder dessa agenda na construção de autoridade nas redes sociais. É fundadora da HRI Digital, diretora de Sustentabilidade e Empreendedorismo Feminino da AnaMid e diretora de Diversidade da APP.