O Mundo dos Seres Virtuais: Da Ficção à Realidade do Marketing

Por Henriane Morelli – outubro 6, 2023

A tecnologia está avançando com sistemas cada vez mais sofisticados, permitindo que os usuários sejam transportados para um universo digital em experiências completamente imersivas e altamente realistas.

Em tempos de novas realidades, os seres virtuais se tornaram essenciais. Personagens, que variam de avatares controlados por humanos a figuras alimentadas por inteligência artificial.

Este artigo explora o conceito de seres virtuais, examinando seu impacto crescente no marketing e nas redes sociais.

O universo dos seres virtuais

O termo “ser virtual” é abrangente e engloba uma variedade de personagens que habitam o ciberespaço. Desde avatares simples usados em jogos online até influenciadores virtuais, a diversidade é notável. Os primeiros são frequentemente controlados exclusivamente por humanos, enquanto os últimos são criados com base em algoritmos de inteligência artificial cada vez mais avançados.

Influenciadores virtuais e suas incríveis narrativas

Um exemplo marcante de ser virtual influente é a Lu da Magalu, ela já foi considerada uma das maiores influenciadoras digitais do Brasil e fala com propriedade sobre tecnologia, conquistando 2.5 milhões de inscritos no Youtube e 5 milhões de seguidores no Instagram, além de ter presença ativa no TikTok. Lú exemplifica o poder do storytelling virtual e sua capacidade de cativar e influenciar públicos.

E esses novos influenciadores vem aparecendo e dando um show de comunicação por meio da linguagem corporal e pistas não-verbais – como contato visual – provocando respostas emocionais mais fortes nas pessoas e permitindo experiências mais significativas. São eles: “Nat” da Natura e “CB” das Casas Bahia.

Marketing com baixo risco e alta personalização

Os influenciadores virtuais proporcionam às marcas a oportunidade de disseminar suas mensagens sem o risco de enfrentar escândalos que possam prejudicar sua reputação. Eles podem ser moldados para se alinhar com a identidade da marca, serem “fotografados” em qualquer lugar e ter cada postagem cuidadosamente editada para evitar associações negativas. Essa personalização e controle tornam os seres virtuais um ativo valioso no arsenal de marketing.

Interatividade em ascensão

Além disso, os seres virtuais estão se tornando mais interativos. Empresas como a Fable estão desenvolvendo seres virtuais com habilidades avançadas de comunicação. Um exemplo é Lucy, um projeto de Realidade Aumentada (RA) que ganhou um Prêmio Emmy de Realização Extraordinária em Mídia Interativa. A Fable planeja relançar Lucy para interagir com as pessoas em plataformas como Facebook, Zoom e Google Hangouts, graças à tecnologia de processamento de linguagem natural e IA avançada. Isso permite que as pessoas construam relacionamentos com essas entidades digitais de maneira mais profunda.

Dilemas éticos 

Dilemas éticos desempenham um papel crucial nesse cenário em constante evolução. Por um lado, os seres virtuais oferecem a vantagem de criar cenários controlados e altamente personalizados para a produção de conteúdo em colaboração com as marcas. Por outro lado, não podemos ignorar que a manutenção desses personagens virtuais e a necessidade de equipes altamente especializadas para administrá-los representam custos significativos, e essas competências ainda não estão amplamente disponíveis no mercado. Além disso, não devemos subestimar as questões sociais envolvidas e a importância de formar equipes diversas e plurais para representar adequadamente esses personagens virtuais.

Não se trata apenas da utilização de representações humanas para criar seres virtuais, mas também do ressurgimento de celebridades falecidas nas telas por meio de computação gráfica ou simulações de figuras conhecidas.

Recentemente, um exemplo notável desse dilema ético ocorreu quando Tom Hanks usou suas redes sociais para alertar seus fãs que uma propaganda na qual ele aparecia promovendo planos odontológicos foi na verdade criada usando inteligência artificial. Em uma postagem no Instagram, Hanks declarou: “Eu não tenho nada a ver com isso”, destacando as preocupações sobre o uso enganoso da imagem de celebridades por meio da IA e das deep fakes.

Nem sempre a evolução tecnológica acompanha o ritmo dos debates éticos e da criação de legislação que possa orientar o uso benéfico desses recursos.

Refletindo sobre o Futuro dos Seres Virtuais

Embora ainda não vivamos em um mundo onde seres virtuais realistas circulem livremente pelas ruas, a tecnologia nos transformou em seres humanos reais com uma estética artificial. As personalidades das redes sociais modificam seus corpos e retocam suas imagens a tal ponto que personagens de nós mesmos se misturam de forma quase natural em nossos feeds. Os influenciadores, que antes eram conhecidos por seu conteúdo autêntico e sem filtro, também se transformaram em marcas pessoais altamente elaboradas. Além disso, o usuário médio das plataformas, como o Instagram, por exemplo, tem à disposição aplicativos e filtros que eliminam a necessidade de maquiagem ou cirurgia plástica. No entanto, não podemos deixar de mencionar que, à medida que evoluímos em relação às questões éticas e aos riscos de não termos a equipe necessária para a manutenção e criação desses personagens, esta é, sem dúvida, uma grande conquista e uma nova maneira de atuar no mundo digital.

Você consegue nomear uma pessoa em seu círculo de amigos do Instagram que não edita suas fotos? Como podemos competir com alguém que nunca envelhece, não sente fome e pode estar em dez lugares diferentes ao mesmo tempo? Poderia o resultado ser que modelos e influenciadores da vida real se tornem obsoletos, ou suas semelhanças sejam congeladas no tempo e replicadas indefinidamente?

As mudanças na mídia terão um impacto significativo na forma como os usuários interagem com as plataformas de mídia social e no tipo de conteúdo que é mais eficaz para atrair a atenção do seu público.

Agora me conta, como você usaria os seres virtuais em sua estratégia de branding? Como seria o influenciador da sua marca? Perfeito ou mais próximo do real?

Referência:

MIT Sloan School of Management. (2023, 10 de maio). Social Media Strategy: Creating Engagement, Insight, and Action. MÓDULO 1 – A Máquina do Hype: Mídias Sociais e o Cérebro

Henriane Morelli, publicitária especialista em marketing digital e globalização de marcas, apaixonada pela pauta ESG e pelo poder dessa agenda na construção de autoridade nas redes sociais. É fundadora da HRI Digital, diretora de Sustentabilidade e Empreendedorismo Feminino da AnaMid e diretora de Diversidade da APP.